sábado, 22 de fevereiro de 2014

A importância da dúvida


Aristóteles escreveu: “todo ser humano deseja naturalmente conhecer”. Isso significa que todas as pessoas têm o desejo de saber alguma coisa, não importa o que seja. Este desejo nunca cessa. Mas o que é um desejo? Um desejo é um incômodo interno que faz a pessoa ir buscar aquilo que está desejando. Lembremos das grávidas e de como costumam acordar de madrugada com os desejos mais esquisitos: “amor, estou com desejo de sopa de lagartixa”, ou “amor, to desejando comer um pedacinho de tijolo”, etc. O desejo é um incômodo que pede satisfação. Ele pode ser mais ou menos forte. Uma pessoa viciada costuma ter um desejo forte. Para satisfazê-lo, às vezes ela até comete crimes. Pois bem.. Aristóteles está dizendo que, de algum modo, nós passamos a vida inteira “viciados” em conhecer. Ele nos definiu como “animais racionais”, isto é, animais que pensam e que querem saber o que são as coisas.

Há algumas coisas que já sabemos o que são. Ninguém ignora o que é uma mesa, ou um caderno, ou um livro, mas pode ignorar do que é feita a mesa, ou quem é o fabricante do caderno, ou ainda sobre que assunto é o livro. É a partir da nossa ignorância que surge o desejo de conhecer. Mas antes de surgir o desejo, não basta ser ignorante a respeito de um assunto; é preciso ficarmos conscientes da ignorância, isto é, percebermos que não sabemos, saber que não sabemos, como dizia Sócrates. É só quando eu percebo o que me falta que eu posso buscar isso que me falta.



Quando a falta se torna consciente, ela se manifesta primeiramente como um incômodo interno e, depois, se externa como pergunta. Lembremos quando estamos com fome: primeiramente percebemos a fome como um desejo de comida. Em seguida, este desejo nos faz pedir por comida. A pergunta é como um pedido de resposta. 

Poderíamos, portanto, dizer que a pergunta significa três coisas:

1-      É fruto da consciência de que desconhecemos alguma coisa;
2-      É produto do nosso desejo de conhecer;
3-      É o segundo passo em direção ao saber, sendo o primeiro a consciência de que não sabemos.

O processo de conhecimento, então, se dá do seguinte modo:


Tentemos responder às seguintes questões:

- É possível ignorarmos alguma coisa e não percebermos o que ignoramos?
- É importante perguntar?
- Por que às vezes temos medo ou vergonha de perguntar?
- É possível achar que sabemos alguma coisa e, na verdade, não sabermos?
- Como podemos perceber que o que sabemos está errado?

Fábio Silvério

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