quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Aos meus alunos...


Agora, aos meus alunos e aos demais, em geral. Hoje é o meu dia: dêem-me o presente de me ouvirem.

Meninos, eu sei que é difícil colaborar quando ninguém colabora. Eu sei que é complicado pensar em matemática quando nem os hormônios nem os glúteos avolumados à volta permitem um mínimo de concentração em assuntos abstratos. Eu sei que a egrégora eqüina da sala de aula limita as possibilidades da sanidade mental durante o turno. Eu sei que as dificuldades que vocês trazem de casa, das outras séries, do trabalho, da vida, às vezes não permitem que vocês dêem o máximo. Eu sei que essa sociedade hedonista vos contaminou de tal modo que é difícil fazer o mínimo ato de esforço e usar a bunda para, ao invés de fazer os movimentos espasmódicos de certas danças do acasalamento, sentar numa cadeira por meia hora e se dedicar à leitura de um livro.

Todas estas coisas são difíceis, a gente entende. Mas nada disso vos isenta da responsabilidade sobre vocês mesmos. Ninguém que queira ser alguma coisa pode se vitimizar e se limitar ao seu entorno. Vocês em geral têm saúde e são boas pessoas. Não se deixem corromper. Brinquem, se divirtam, namorem, mas façam tudo com limites e não deixem que o coração de vocês se perca. Entendam que isso de drogas é coisa pra mané. Vocês são muito mais que isso, velhos. Se tudo tá difícil, tenham um pouco mais de paciência. Vocês puxam ferro na academia, e sabem que, embora esteja pesado, a sequência termina daqui a pouco. Tenham esse tipo de esperança na vida. Daqui a pouco melhora. Deus existe. Ponham a fé de vocês em prática.

Quanto aos professores, caras... Em muitos casos, são as últimas pessoas que ainda confiam em vocês. Vocês podem achar engraçado ridicularizar um professor em público e provocar o riso da turma, mas se este professor não os tira da sala naquele mesmo momento é porque ele se recusa a reduzir você a esse idiota que você quer parecer. Ele sabe que você é mais que isso. Ele é uma pessoa que acredita mais em você do que você mesmo. Tenham consciência e entendam que aquele cara lá na frente - que às vezes é estranho e fala umas chatices - é, no sentido mais profundo, um amigo, e que ele nunca vai revidar com toda força.

Aprendam a valorizar o que o professor te ensina. Às vezes, aquele simples argumento que ele tá te dando de sopa - e que você às vezes despreza - é fruto de dois, três, quatro anos de estudo. E ele te dá aquilo, mastigadinho, de bandeja, por pura bondade. Ele podia te enrolar - vocês não sabem o quanto são fáceis de serem enrolados. - mas ele te leva a sério. Leve a sério também, poha! Aquele cara lá te ama..