quinta-feira, 16 de abril de 2020

A Revolução Copernicana e o problema da origem do Universo


Desde que o ser humano existe, ele costuma se perguntar sobre a origem de tudo quanto vê. Suas primeiras impressões lhe dizem que ele habita uma superfície extensa, que chamou de "Terra", e que ao redor desta superfície existem outros corpos, muitos dos quais ele consegue ver a olho nu: o sol, a lua, alguns planetas e as estrelas. É natural, então, que ele se pergunte como tudo isso surgiu.

A sua visão natural parece lhe indicar que a terra é um plano fixo ao redor do qual giram as estrelas, o sol e a lua. As primeiras teorias, assim, afirmavam que a terra ocupava uma espécie de centro, e ao seu redor gravitavam os corpos celestes, aqueles que habitavam no céu. Estes corpos dividiam-se em dois tipos: os que se moviam (chamados de planetas) e os fixos (chamados de estrelas). Estes últimos, as estrelas, estavam pregadas na superfície escura que era, então, chamada de "abóbada celeste".



Este modo de ver ficou conhecido como sistema geocêntrico (Geo = Terra; Cêntrico = Centro) ou sistema ptolomaico, pois Ptolomeu foi o seu primeiro sistematizador, isto é, a pessoa que transformou essas ideias numa teoria organizada.



Esse sistema perdurou até o começo da modernidade. Nicolau Copérnico, um astrônomo, formulou uma teoria que contrariava o sistema geocêntrico. Segundo ele, não era a Terra que habitava o centro do universo, mas o sol. Este novo sistema contradizia não só a visão astronômica anterior, mas abalava igualmente a religião. Com efeito, a Cristandade, entendendo ser o homem o centro da criação de Deus, via como muito conveniente que ele habitasse o lugar central do universo. Agora, porém, com a nova teoria, a Terra era jogada ao escanteio, e aparecia não mais como um espaço privilegiado, mas apenas como um planeta entre outros. A centralidade do homem como imagem de Deus recebia um golpe, e a Religião, tendo as suas teorias contrariadas pelos fatos, viu-se desacreditada. Toda a sociedade dessa época era profundamente religiosa, de modo que esta mudança produziu uma espécie de crise existencial, motivo pelo qual ficou conhecida como "Revolução Copernicana".

Galileu Galilei, aperfeiçoando os estudos de Copérnico e desenvolvendo métodos de observação direta dos corpos celestes, estabeleceu de vez a verdade do heliocentrismo, isto é, de o Sol ser o centro (Helio = Sol), e não a terra. O nosso planeta, antes visto como uma extensão fixa, era agora identificado como um corpo errante, isto é, que se move e que gravita o sol, como os outros planetas.


Atualmente, conforme o tempo passa, os métodos e instrumentos de observação vão ficando mais sofisticados e permitindo uma observação sempre mais completa do universo. As mesmas perguntas do começo, isto é, de como tudo surgiu, continuam a ser feitas, ainda que agora tenhamos respostas mais complexas e elaboradas do que antes. A hipótese criacionista, embora tenha recebido ali um golpe, ainda que não fosse intenção dos defensores do heliocentrismo - que eram ambos religiosos -, nunca foi inteiramente abandonada. Toda a cristandade continuou atribuindo a origem do universo à ação direta de Deus. Mas quanto ao modo isso como o Universo foi feito, não se sabe e não há uma resposta definitiva. A teoria mais aceita quanto a este problema é a do Big Bang. Segundo ela, o universo teria surgido a partir de uma grande explosão. Além destas, há ainda outras teorias: a da eternidade do universo, a de que haja, não um, mas múltiplos universos (teoria do multiverso), não sendo possível definir qualquer começo, etc.



As duas teorias mais famosas, a criacionista e a do Big Bang, geralmente são vistas como opostas e mutuamente excludentes. O Big Bang ganhou fama de ser uma teoria ateísta, que tenta dispensar Deus do processo de surgimento do universo. Embora ateus possam tranquilamente defender essa teoria, não é o caso que o seu primeiro defensor fosse um ateu. Era, na verdade, um padre, o Pe George Lemaitre, que a chamava de "hipótese do átomo primordial".

Assim, as teorias do Big Bang e do Criacionismo não são opostas, mas harmônicas. Uma pessoa pode defender as duas ao mesmo tempo. Há mesmo quem afirme que o Big Bang não somente permite, mas exige a existência de Deus, como se pode ver no vídeo abaixo.


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