segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Recuperação 2ºs anos: Ética em Aristóteles


A prova consistirá em 5 questões;
Cada questão vale 20,0;
A prova inteira vale 100,0.
Será sem consulta. Não filem.
---------------------------------------------------------------

Ética vem do grego Ethos e diz respeito ao modo de agir das pessoas. Quando uma pessoa age corretamente, dizemos que agiu de modo ético. Quando, ao contrário, ela comete um erro, dizemos que foi anti-ética.

O ser humano pode agir de infinitos modos: andar, comer, pensar, piscar os olhos, dormir, etc.

Cada ação tem um objetivo imediato: 

Quem anda quer ir a algum lugar;
Quem come quer se saciar;
Quem pensa quer entender;
Quem pisca os olhos quer evitar que fiquem ressecados;
Quem dorme quer descansar.

Além do objetivo imediato, podem existir outros objetivos secundários:

Quem anda talvez queira fazer exercício físico ou ver uma pessoa no caminho, mesmo que ele não pretenda parar lá;
Quem come talvez quer ganhar peso para ficar mais atraente;
Quem pensa quer entender, mas talvez queira mesmo impressionar outra pessoa;
Quem pisca os olhos quer evitar que fiquem ressecados, mas talvez quer dar sinal a alguém;
Quem dorme quer descansar, mas também pode querer esquecer alguma coisa.

Os objetivos podem ser vários, mas há um objetivo último que é o objetivo de toda e qualquer ação. É a Felicidade ou Eudaimonia.

Tudo quanto fazemos visa, por último, a felicidade. Vejamos alguns exemplos:

Por que estudar? Para aprender. Para que aprender? Para estar preparado para algum trabalho. Para que trabalhar? Para ganhar dinheiro. Para que ganhar dinheiro? Para poder formar uma família. Para que formar uma família? Para ser feliz.

Por que ir à igreja? Para falar com Deus. Para que falar com Deus? Para que Ele me ajude. Para que eu quero que Ele me ajude? Para que eu resolva meus problemas. Para que eu quero resolver meus problemas? Para ser feliz.

Por que roubar? Para ter aquele pertence. Para que ter aquele pertence? Para poder ostentá-lo, mostrar aos outros que eu posso ter um também. Para que eu tenho de mostrar isso? Para que eles me valorizem. Para que eu quero que me valorizem? Para eu me sentir bem. Para que me sentir bem? Para ser feliz.

Para que mudar de posição na cadeira? Para não ficar com a perna dormente. Por que não ficar com a perna dormente? Porque é desconfortável. Por que eu não quero ficar desconfortável? Porque quero me sentir bem. Para que quero me sentir bem? Para ser feliz.

Como vimos, qualquer ação - qualquer mesmo - tem como objetivo último a felicidade.
Porém, não é toda ação que leva à felicidade.

Quais são, então, as ações que levam à felicidade? Segundo Aristóteles, somente as ações corretas.
Temos então de saber diferenciar o correto do incorreto, o certo do errado.

Correto é o que está conforme à sua natureza. Por exemplo: um chapéu será usado corretamente quando estiver posto na cabeça, e não na barriga. Uma cadeira será usada corretamente quando servir pra sentar, e não para bater em alguém. Um livro será usado corretamente quando for lido, e não quando for comido ou quando servir de apoio para a estante, etc.

De que modo o ser humano pode agir corretamente? Se agir corretamente é agir segundo a natureza, é preciso saber qual é a natureza humana.

O ser humano é um animal racional.

Por ser animal, ele tem de se mover, tem de se alimentar, tem de dormir, tem de se relacionar, tem de fazer cocô, etc. Se ele não fizer alguma dessas coisas, ele não pode ser feliz.

Por ser racional, o ser humano precisa pensar, entender, refletir, medir, etc.

Entre animal e racional, aquilo que é mais específico no ser humano é a razão. É o que o separa de todos os outros animais.

O homem age corretamente quando age conforme a razão.

Razão significa proporção. Proporção significa medida correta. Usar a razão significa saber agir dentro das justas medidas.

Qualquer coisa que não tenha proporção fica desordenada.

Imaginem uma pessoa com as pernas de 5 centímetros e a cabeça de 5 metros. Será uma pessoa desordenada, pois não há as medidas corretas entre as partes do corpo.

Imaginem um teclado de computador com teclas tão pequenas quanto pontas de agulha. Seria desordenado porque não há proporção entre as teclas e os dedos humanos. 

Para que algo seja ordenado ou correto precisa ter proporção, justa medida.

Em toda ação humana há a possibilidade de haver justa medida ou de haver extremos. Para cada justa medida, há dois extremos: a falta e o excesso (exagero). Vejamos:



Conforme vemos nos exemplos acima, para cada boa ação, há duas possibilidades de erros: a falta e o excesso. A anorexia é a falta de alimentação, e a gula é o excesso de alimentação. A preguiça é a falta de atividade. O ativismo é o excesso de atividade. O medo é a falta de coragem. A temeridade é o excesso de coragem.

A falta e o excesso são ações incorretas. Só a justa medida é que é correta.

Somente uma ação correta não é ainda suficiente para levar alguém à felicidade.

A felicidade também não pode ser confundida com o prazer.
É possível ter prazer numa ação e ficar infeliz com ela. Um rapaz que trai a sua namorada, teve prazer durante o ato, mas não ficou feliz com isso.

Para ser feliz, é preciso adquirir um hábito ou costume de agir corretamente. Quando agimos sempre de um mesmo modo, nos habituamos a continuar agindo daquele modo. Desenvolvemos uma tendência.

Quando o hábito é de ações ruins ele se chama vício.
Quando o hábito é de ações boas ele se chama virtude.

O caminho para a felicidade (eudaimonia) é uma vida inteira dedicada à virtude, isto é, aos hábitos de ações corretas.

Uma vida dedicada ao vício, embora possa dar prazer, tem como fim a tristeza, a depressão, na medida em que tais hábitos afastam da felicidade.

A felicidade, portanto, só pode ser alcançada na velhice, pois exige toda uma vida já habituada à virtude.

Nenhum comentário:

Postar um comentário