sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Empirismo: John Locke


O Empirismo é uma corrente filosófica que, ao contrário do racionalismo, afirma que são os sentidos que exercem um papel primordial nas idéias humanas. Descartes, que era racionalista, dizia que os sentidos não são confiáveis. Os empiristas dirão justamente o contrário: tudo vem por meio deles. Portanto, se não se deve confiar nos sentidos, tampouco se pode confiar na razão, pois todas as idéias humanas, sem exceção, vêm pelos sentidos.

A palavra empirismo vem do grego empeiria que significa "ter experiência" por meio dos sentidos. Lembremos que estes sentidos de que falamos são os cinco sentidos através dos quais conhecemos o mundo: a visão, a audição, o olfato, o paladar e o tato.

Iremos estudar a teoria de dois filósofos empiristas: o inglês John Locke (1632 - 1704) e o escocês David Hume (1711 - 1776).

JOHN LOCKE



Afirmava que, quando nascemos, a nossa mente é uma tábula rasa, isto é, uma folha em branco onde nada ainda tinha sido escrito. A mente humana, no início, não possui nenhuma idéia. Com isso, ele negava as idéias inatas de Descartes, que seriam idéias que nasceriam com a pessoa. Para Locke, essas idéias não existem, pois todas as idéias que possamos ter têm sua fonte dos sentidos humanos.

O conhecimento humano possui duas fontes:

- A sensação - são as idéias provenientes do contato direto dos sentidos com os objetos externos. Se vimos uma cor azul, temos uma sensação visual e, então, a idéia vinda dessa sensação: a idéia de azul. Se escutamos uma voz grave, temos uma sensação auditiva que gera em nós a idéia de grave. Se tocamos uma superfície fria, temos uma sensação tátil que gera em nós a idéia de frieza, etc.

- A reflexão - quando temos as idéias provenientes diretamente dos sentidos, essas idéias permanecem em nós mesmo quando o objeto que provocou a sensação se afasta do nosso contato. Por exemplo: se andamos na rua e percebemos que o céu tem um som rosado, essa cor permanece na nossa mente, mesmo quando anoitece. Isso ocorre porque temos memória. Temos, então, na mente, várias idéias. Estas idéias podem ser comparadas, somadas, compostas umas com as outras, etc. Assim, o conhecimento humano também se forma dessa atividade da mente com as próprias idéias. A idéia de reflexão indica o dobramento da mente (flexão) sobre si mesma (re), é um tipo de pensamento sobre os próprios pensamentos.

As idéias provindas das sensações são chamadas de idéias simples, e, nelas, a mente é passiva, isto é, não age; apenas recebe.

As idéias provindas da reflexão são chamadas de idéias complexas, e, nelas, a mente é ativa, isto é, age sobre as próprias idéias.

As coisas externas possuem dois tipos de qualidade:

- As primárias - existem mesmo nas coisas. São o movimento, o repouso, a quantidade, a forma, o tamanho, etc.

- As secundárias - existem no sujeito e são, pelo menos em parte, subjetivas e relativas. São a cor, o gosto, o som, etc. Se prestarmos atenção, o gosto que sentimos de uma fruta - por exemplo: a azeitona verde - varia de pessoa para pessoa. Uns acharão que é bom, e outros dirão que não é. Uma mesma pessoa pode ter o seu gosto alterado; é o que acontece com certos degustadores de vinho ou café. Uma pessoa pode apreciar uma peça musical de modo mais rico e completo do que outra, e discordar quanto à beleza do que foi ouvido. É possível ainda discordar de tonalidades de cores: azul turquesa ou verde piscina? 

Todos esses exemplos nos dizem que as qualidades secundárias não nos dão informações seguras sobre como são os objetos, uma vez que nós mesmos discordamos quanto a elas.

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